Notas Sobre Uma Reunião De Trabalho

Notas sobre uma reunião de trabalho

O que me irrita nela não é o cabelo que nasce do meio certinho da testa em formato “v”. Nem o scarpin que ela usa desnecessariamente todos os dias para ir trabalhar. Não, ela não é advogada ou juíza. Talvez até quisesse ser. O que me incomoda nela, não é a maneira como ela conversa com a filha e o marido ao telefone: “Oi filhinha! Como foi a aula de espanhol?”, “Amor, comprou o livro do Percy Jackson para nossa filhinha?”.

O que me irrita nela, não é ela em si. Sou eu e as memórias que tenho de mulheres como ela.

Algumas mulheres brancas me remetem à opressão, à decepção de ainda criança entender que algumas mulheres, que só pela cor (branca), cabelos (lisos e loiros) e corpo (magro) serão ouvidas e gentilmente tratadas, e, de quebra, essas mulheres trazem consigo um relativo poder de fala, de imposição através do corpo, de olhos desdenhosos cheios de vantagem e desprezo por outras mulheres diferentes dela.

A mulher a quem me refiro traz na atitude, a branquitude vestida de sonsa e a vantagem de ser branca vestida de vítima. A razão eloquente proveniente da fala mansa e gestos que dão a entender nas entrelinhas “não gosto de ser contrariada”, e o olhar fuzilante quando nota na outra (mulher/alteridade),  postura, competência e autoridade.

Nesse momento é que a atitude (branquitude) da mulher dá lugar à fragilidade que tem todo ser em vantagem de poder, o medo de um dia ter que dividir esse poder e aceitar que ela não é, nunca foi e nunca será o centro do mundo.

Aline Rafaela Lelis 

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Olha moço, com todo o respeito que tenho pela sua pessoa, o seu caso de amor é uma história de esperança. Gostar de quem não gosta da gente é no mínimo insanidade. Mas acontece. E pelo que vejo, você espera pacientemente por essa moça. Isso é bonito. Quem dera eu tivesse alguém para pensar. Tenho andado cética em relação ao amor e construído barreiras que impedem qualquer um de buscar meus olhos. No fundo, queria ser essa moça, que é amada em silêncio e nem te leva em consideração. O amor silencioso é o mais belo. É aquele que espera o tempo da pessoa amada, não importando que esse tempo seja eterno. E eu moço, embora não ame ninguém, tenho aprendido a gostar de mim, mais do que convém. 

Para F. L. 

Aline Rafaela 

Qualquer vontade era ávida demais  para ser pensada, discutida e analisada. De tanto desejo me fiz inquieta. E se a vida for mesmo isso aí? Quanta frustração e fascínio levo no meu coração? Dos amigos que partiram nunca mais quis saber, embora alguns eu relembre com ternura. Das pessoas que passaram em minha vida das quais muitas não faço nem questão, outras já são tão parte de mim que partir é confusão. Da mulher que me tornei de cabelos curtos e impetuosa, para poucos homens sou rosa. No meu viver tem uma dor de  pinturas inacabadas. Cheguei ao máximo com minhas indagações. Quero gozar serena nos braços do meu amor e viver de amor apenas. Como se fosse possível ter paz todos os dias. A gente cresce e já não encontra mais entusiasmo com nada Quando o tempo das descobertas se vai… o primeiro beijo, o primeiro sexo, o primeiro amor,  o primeiro baseado,  a primeira mudança. Não nos resta mais nada a não ser ter fé. Depois de um tempo tudo vai virando aos poucos trivialidades. E aí que está o segredo da vida. Reinventar tudo, sair de si, transcender, E então passar a ver tudo com outros olhos. Constantemente descobrindo a vida  E redescobrindo o novo.

Aline Rafaela

(Escrito em 2014)

"Se acreditarmos que a mente é contínua, o nosso amor pelos outros torna-se contínuo.Se reconhecemos essa continuidade, nós não confiamos no temporário, nas circunstâncias tangíveis, ou as levamos tão a sério. Se acreditamos na continuidade da mente, então o amor discretamente nos conecta com aqueles que amamos, com energia contínua positiva, de modo que mesmo tangíveis separações entre as pessoas que se amam não reduzem o poder intangível do amor. Por acreditar na continuidade da mente, reconhecemos a continuidade de todas as circunstâncias, incluindo nossas experiências de amor, que não são apenas por um momento ou por uma vida."

- Trinley Norbu Rinpoche.

Árvores troncudas

São como as mães

Que se autossustentam

Do solo sagrado

Da terra abundante

Da sabedoria da espera

Intuição de quem gera

A vida na terra

E espera paciente

O fruto crescer

E o amor geminar

Aline Rafaela Lelis

Eu não escondo as minhas fraquezas, e muito menos tenho medo de expor as minhas fragilidades. Não suporto gente que se faz forte fingindo fortaleza. Mas adoro pessoas  que não mascaram suas imperfeições, acredito que  isso é prova de força inigualável. Quando alguém realmente é, ela não faz força para ser. 

Aline Rafaela Lelis

O homem que diz dou. Não dá! Porque quem dá mesmo. Não diz! O homem que diz vou. Não vai! Porque quando foi. Já não quis! O homem que diz sou. Não é! Porque quem é mesmo. Não sou! O homem que diz tou. Não tá. Porque ninguém tá Quando quer! 

(Canto de Ossanha. Baden Powell / Vinícius de Moraes).

Só se for a dois

Hoje só vou se for a dois,

Só fico se for a dois,

Só vivo se for a dois,

Só amo se for a dois.

Chega de ser só, de ser um.

Hoje quero abraçar-te por trás, 

sentir meu rosto sobre suas costas quente

e dizer que te desejo para o resto da minha vida.

 Quero servir-te almoço, sentar no seu colo,

 beijar-te a boca e sentir suas mãos apertando minha cintura.

À tarde passear no parque, 

sentar na grama e me recostar nos seus braços.

 Quero compartilhar meu sono contigo e acordar tranquila.

 Dizer baixinho que te amo e gozar na nossa intimidade uníssona.

Aline Rafaela

(Escrito em 2014)

Adoro gente que não sente necessidade de preencher o silêncio dentro de um espaço-tempo. Gente que sabe que o silêncio não precisa ser incômodo. Gente que acredita no silêncio como forma de obter  paz. 

Aline Rafaela Lelis

O que acham que a maioria das pessoas está fazendo na vida? Impressionando os outros, nada mais. Fazendo de tudo para não serem criticadas. Buscando aceitação. Fico me perguntando quantos seres humanos não estão obcecados com isso, vinte e quatro horas por dia, de forma consciente ou não. A consequência? Pouquíssimas pessoas vivem de fato.

MELLO, Anthony de. Redescobrindo a vida: desperte para a realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p.117.

Carta Capital: O que é ser mulher negra pra você? Luedji Luna: Sabe aquele conceito que a gente aprende na escola na aula de Biologia? Que existem seres vivos, os autotróficos, capazes de produzir o próprio alimento, como as plantas, por exemplo. Para mim, ser mulher negra é isso: ter a capacidade de tirar força de si mesma, de ser sua própria fonte de energia, de cura e de amor. É solitário, mas é potente também...

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/luedji-luna-do-cabula-para-o-mundo

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