Algumas Pessoas Ficam Tristes Incrivelmente Jovens _ Disse Ele _ Por Nenhum Motivo, Ao Que Parece, Parecem

Algumas pessoas ficam tristes incrivelmente jovens _ disse ele _ Por nenhum motivo, ao que parece, parecem quase nascer assim. Elas se machucam mais fácil, se cansam mais rápido, choram mais prontamente, se lembram por mais tempo e, como eu digo, ficam tristes mais jovens que qualquer outra pessoa no mundo. Sei disso porque sou uma delas. (…) Vou deixar essas duas garrafas aqui (…) Beba com o nariz (…) Leia os rótulos primeiro, é claro (…) 'CRESPÚSCULO VERDE DE PURO AR DE SONHO DO NORTE' (…) Lembre-se: foi engarrafado por um Amigo.

"Licor de Dente-de-Leão" _ Ray Bradbury.

More Posts from Wagnerrms and Others

11 years ago

O DESTRUIDOR DE MUNDOS

Mais uma degustação de um livro em andamento, desta vez o Livro Zero, marco inicial da minha série Código 7 Infinidade. Para aqueles que curtem uma cientificamente bem embasada (ao menos me esforcei para isso) e dinâmica "space opera", com certo tempero de fantasia paranormal (mas que no decorrer da série se descobre não ser tão surreal assim), então este é um convite para você embarcar comigo em uma jornada eletrizante pelo Universo! Venha:

"Sabíamos que o mundo não mais seria o mesmo. Algumas pessoas riram, algumas pessoas choraram, a maioria ficou em silêncio. Recordei-me de uma passagem das escrituras hindus, o Bhagavad-Gita. Vishnu está a tentar persuadir Arjuna de que deve fazer o seu dever, e para o impressionar assume a sua forma de quatro braços e diz, 'Eu tornei-me a Morte, o destruidor de mundos.'  Suponho que todos nós pensamos isso, de uma maneira ou de outra." — Robert Oppenheimer (Sobre a experiência "Trinity", o primeiro teste nuclear da História).

O Vigilante do Abismo

[MENSAGEM DE RÁDIO INICIADA - ONLINE]

18/Dez/2.143 : 23:15 Hora Padrão :

Missão: 01387 – Nave de Pesquisa e Resgate ESA VTX 71 Jacques-Yves Cousteau – Órbita de Júpiter.

Objetivo: localizar e, se necessário, abordar veículo sem registro oficial, que emite sinal de uma posição extremamente baixa na órbita de Júpiter.

Tripulação: Primeira Comandante Valkiria Valentina Cristoforetti, Segundo Comandante Coronel Marcus Alexander Stone, Piloto Tenente-Coronel Vladimir Vladimirovitch Plushenko, Engenheiro de Voo Trajano Stone Cristoforetti, Especialista de Missão (Logística, Exploração e Resgate) Major Sylvia McNamara, Especialista de Missão (Médica e Engenheira de Software) Doutora Jussara Maria Müller.

Situação Atual: em contato com o objeto estacionado na alta atmosfera do planeta Júpiter, ponto onde foi identificada a origem do sinal não reconhecido, recebido seis semanas atrás. Emitindo relatório em retrospecto mais o status atual da missão, pela Comandante Cristoforetti, a seguir.

Assinatura Criptográfica: Mensagem Oficial - Secreta - Emergência - CEI - W897234784329HEIU34309 - Sub-rotina IA de Acompanhamento Laterza-Orwell.

Segue Mensagem de Áudio: Há seis semanas o Consórcio Espacial Internacional, através das antenas do Cinturão de Asteroides pertencentes à Companhia Mineradora Himmels Polizei Adventures, começou a receber um sinal, provavelmente um radiofarol-de-emergência, de um veículo não registrado, posicionado em órbita extremamente baixa de Júpiter. A Cousteau foi imediatamente deslocada para prestar socorro, mas mesmo sendo os mais próximos, chegamos aqui apenas há cinco dias. O que encontramos foi perturbador. A fonte do sinal, uma imensa estrutura, está no centro do Olho de Júpiter, acessível através de um canal de calmaria no vasto furacão que, nós acreditamos, é gerado e mantido pela própria estrutura. Não pudemos compreender de onde ela veio, nem como se instalou. Cogitamos algumas teorias, e uma delas, baseada no contato sensorial inexplicável entre esse lugar e o Coronel Stone quando da segunda abordagem, feita ontem, é de que o Vigilante do Abismo, codinome que demos a esta estrutura... Sempre esteve lá... Desde os primórdios do nosso Sistema Solar. O sinal que captamos parece estar programado para se repetir a cada... Um milhão de anos, é nossa estimativa... Não compreendemos como a estrutura se mantém, mas há um ar de deterioração aqui, sem dúvida, apesar da presença de inúmeros autômatos de formas as mais estranhas, muitos dos quais parecem fazer a manutenção do lugar. Outra informação importante, os instrumentos de bordo do Vigilante parecem indicar, graficamente, que um outro sinal precedeu o radiofarol que captamos, e este sinal é disparado para fora do Sistema Solar. Nossas sondas automáticas confirmaram que este gigantesco aparelho gera, lá embaixo, na sua base, uma espécie de portal dimensional que permite viagens interestelares, pois as sondas voltaram com fotos de constelações cujas análises de paralaxe (1) indicam uma alteração de perspectiva de vários anos-luz... Atenção, aguardem, o portal estelar de Júpiter está se abrindo novamente, se expandindo, mas que...

[MENSAGEM DE RÁDIO INTERROMPIDA - ENDOFLINE]

Um Pai de Verdade

Quarenta e oito dias depois do encontro com o portal estelar do Vigilante do Abismo, o corpo do Coronel Marcus Alexander Stone estava prestes a se dilacerar, e ele sentia cada fibra de seus músculos estendida ao máximo, prestes a romper.

Certamente seu traje pressurizado se romperia antes, mas não tinha como fazer outra coisa, então Marcus rilhava os dentes, respirando entre eles, gotas de saliva respingando na parte de dentro do seu capacete, enquanto com a mão esquerda o homem se agarrava ao batente de uma das escotilhas da Cousteau, que flutuava e se despedaçava em órbita daquele moribundo planeta alienígena. Com a outra mão Stone segurava as mãos do rapaz que se debatia no vácuo, sendo sugado pela exótica força de convecção do portal estelar que o próprio jovem havia aberto, que sugava átomo a átomo das proximidades, arremessando-os para longe, para evitar que o monstro gigantesco e hediondo que estava se materializando através do portal se solidificasse em torno de outros corpos. Não havia como ambos os homens, o mais velho e o mais jovem, saírem vivos dali. Mas também não havia como Marcus ordenar que seu coração e seus músculos largassem seu filho, não tinha como abandonar Trajano! Não podia! Seu filho! O destruidor de mundos, o conjurador do monstro ancestral e assassino que chegava através do portal estelar, e que seria o flagelo de bilhões de vidas no planeta verdejante lá embaixo! Ainda assim um pai, um pai de verdade, não pode, não consegue soltar a mão de um filho que espuma, insano, raivoso, feroz, mas que ainda é seu filho.

— Trajano! — Vociferou em desespero Marcus Stone, pelo rádio. — Filho! Para isso! Para!

— Vão morrer, pai! — Urrou o jovem de volta. — Todos esses monstros vão morrer!

Repleto de Vida

Muito antes deste momento derradeiro de pai e filho, aos seis minutos, vinte e três segundos, e oito décimos depois do encontro com o portal estelar do Vigilante do Abismo, os alarmes de bordo dispararam em uníssono, e ecoaram por toda a nave, pois por uma fração de segundo seus sensores ativos indicaram que tudo na ESA VTX 71 Jacques-Yves Cousteau parou de funcionar. Foi somente por um instante, mas os alarmes não queriam saber, e berravam insistentes. O mesmo processo, ocorrido quando a nave atravessou o portal estelar de Júpiter, teve o efeito, sobre os nervos dos tripulantes, de um breve mas excruciante momento de dor.

— O quê?! O quê foi!!!... O que foi isso?? — Balbuciava, desorientada mas se esforçando para ficar em pé, Sylvia McNamara, a jovem e normalmente radiante especialista em resgates no vácuo. Seus longos e lisos cabelos castanhos estavam um tanto desgrenhados, e sua face de pele clara estava ainda mais pálida. Ela já salvara vidas inúmeras vezes em gravidade zero, e se orgulhava de nunca ter passado mal e sempre ter mantido o controle sob quaisquer que fossem as forças centrífugas, mas naquele instante a sala de comando da Cousteau girava loucamente. E, pelo espetáculo que podia ser visto através do grande monitor panorâmico frontal, isso ocorria literalmente, pois um campo de estrelas girava, alternando com a superfície verdejante de um planeta, e de volta às estrelas, sem parar. Sylvia teve que se conter para não pôr tudo do estômago para fora, virando o rosto para não mais ver o monitor.

— Todos estavam a bordo? Todo mundo a bordo? — Perguntava sem parar a Comandante Cristoforetti, falando a um minúsculo microfone cuja haste se estendia de um auricular posicionado em sua orelha direita. Ela estava sentada e presa pelos cintos de segurança em sua cadeira na sala de comando. — Plushenko! Plushenko! Perdemos estabilidade!

— Estou a caminho! — Veio a voz, decidida e firme, do piloto pelo sistema de comunicação, cujo tom indicava que ele estava correndo o melhor que podia em gravidade zero.

Por toda a cabine de comando objetos soltos flutuavam, ricocheteando de quando em vez, ou nas mulheres ou nas paredes e instrumentos.

— Sylvia! — Chamou a Comandante. — Tudo bem?

— Sim, comandante. — Disse McNamara, forçando um amplo sorriso para tranquilizar a outra, assim que entrou no campo de visão de Cristoforetti, cuja cadeira a mantinha apontada para a proa da nave, onde estava o monitor panorâmico. — Só com diversos arranhões, e os que doem mais estão no orgulho! Eu estava sem os cintos.

— Syl, por favor veja o que houve com o cilindro.

McNamara já havia se adiantado, eficiente como sempre, e, verificando um determinado painel, respondeu quase de pronto:

— Está reiniciando, desarmou. Assim que restabelecermos o momentum (2) da nave, a gravidade simulada deve voltar.

Valkiria Valentina Cristoforetti, com sua testa morena enrugada de tensão contida, e com seus grandes olhos escuros arregalados de atenção, mexia nos controles direcionais da Cousteau, tentando adiantar o serviço do piloto, e repetia no microfone:

— Todo mundo a bordo? Reportem! Todos a bordo? Ninguém em extra-veicular, pelo amor de Deus? Parece que mudamos de posição no espaço, não vejo o Vigilante... Nem... Júpiter...

O primeiro a chegar foi Vladimir Vladimirovitch Plushenko, que saltou para a cadeira do piloto como quem veste a melhor e mais querida roupa. Enquanto Trajano, Stone e Jussara se juntavam à eles, Vladimir conseguiu, aos poucos, reequilibrar a nave, usando com extrema perícia os jatos de manobra para ir influenciando o giro da Cousteau, até estabilizá-la. Instantes depois disso um solavanco indicou que o cilindro rotatório, que simulava por força centrífuga a gravidade, estava voltando a funcionar, e dez minutos depois todos conseguiam andar e se mover normalmente de novo.

— Muito bem, piloto. Agora vamos restaurar todos os sistemas! — Ordenou a comandante.

Trabalhavam juntos naquela nave há quase três anos. Eram uma família, e também eram como soldados muito bem treinados, pois no vazio do espaço, se um não cuida do outro, e se não são capazes de trabalhar com afinco e precisão sob quaisquer circunstâncias, as pessoas não sobrevivem muito tempo. Passaram então a hora seguinte verificando e desarmando um a um os alarmes que haviam sido disparados, de modo a terem certeza da integridade do seu pequenino mundo chamado Cousteau. Quando finalmente tudo havia voltado a relativa normalidade, e Jussara havia atestado que todos estavam de fato bem, sem ferimentos graves ou concussões, eles todos se acumularam diante do monitor panorâmico frontal da Cousteau, e olharam, fascinados, um planeta cheio de vida, coberto por amplas florestas, e grandes trechos de água, e que, visivelmente, não era a Terra.

Perigeu

Um dia, dezesseis horas e vinte e nove minutos depois do encontro com o portal estelar do Vigilante do Abismo, os alarmes de colisão da nave terrestre disparavam.

Estavam sobrevoando o planeta de uma longa órbita desde que chegaram, captando amplo escape de sinais de rádio vindos de terra, no entanto nada era passível de ser compreendido, embora as VRPs (3) de bordo não tenham parado de trabalhar um segundo em cima desses dados, e já tivessem conseguido identificar que eram sinais digitais, em essência parecidos com os nossos, o conteúdo em si ainda era ininteligível. Diversos artefatos em órbita, alguns até maiores que a Cousteau, emanando e refletindo esses  sinais, indicavam uma civilização tecnológica. Mas os telescópios, mesmo os de mais longo alcance, não mostravam na superfície do planeta grandes cidades ou estruturas viárias. Nada, a não ser vestígios muito pouco nítidos do estruturas que poderiam ser pequenas aglomerações de casas ou construções de algum tipo, como pequeninas aldeias. Quando muito alguns pratos de antenas, parecidas com radiotelescópios (4) de porte médio, apareciam em montanhas que emergiam, aqui e ali, em meio a exuberante selva que cobria aquele belo e exótico mundo.

Havia ficado mais que evidente que estavam num outro sistema solar, visto que o planeta verdejante ali embaixo não poderia existir em lugar algum das cercanias da Terra, e que suas observações astronômicas não identificaram nenhuma constelação conhecida, mas mostraram que apesar de parecida, a estrela que orbitavam não era espectralmente (5) idêntica ao nosso Sol, e tudo indicava ser cercada por seis planetas. A Cousteau estava orbitando o quarto, que era cercado por sua vez por três luas, cada uma com cerca de um terço até a metade do tamanho da Lua da Terra.

Visto então que não havia para onde recuar, e que seus suprimentos vitais não durariam para sempre, e estavam mesmo chegando ao limite mínimo, por mais que estivessem bastante nervosos com a possibilidade de um primeiro contato com alienígenas, todos resolveram, após uma tensa reunião onde a Comandante quis a opinião de cada um dos tripulantes, se aproximar mais, entrando numa órbita elíptica tal que os levaria a, no ponto mais próximo ao planeta, passar pouco acima dos satélites artificiais daquele mundo. Faltavam algumas dezenas de quilômetros para atingirem esse ponto de máxima proximidade, e estavam todos com trajes pressurizados mas não lacrados, rostos à mostra, e a postos. Valkíria, Plushenko, Stone e Sylvia na cabine de comando, os outros no observatório a meia nau, prontos para sobrevoar, analisar, filmar e fotografar o novo mundo e seus satélites, quando o alarme de colisão começou a tocar! A voz monótona de uma das VRPs não autoconsciente dizendo sem parar, até ser desligada, "Colisão! Alerta! Colisão! Tomar medidas evasivas! Colisão! Alerta!".

— O que é, Vladimir? — quis saber a Comandante Valkíria, de sua cadeira no centro da cabine, e sabendo que o alarme só dispararia no caso de uma iminente catástrofe. Algo grande estava vindo.

— Não é visível ainda, e meus sensores não identificam nenhum radiofarol.

— Sylvia?

— O radar de proa disparou o alarme. Ele indica que algo vem da superfície em alta velocidade, — Respondeu prontamente McNamara — e está em trajetória balística de interceptação, deve nos atingir em cheio no nosso perigeu (6). Míssil? Outro ônibus espacial deles por acaso em nossa trajetória?

— Piloto.

— Alterando a rota. Recalculando trajetória… — Vladimir Vladimirovitch levantava as espessas e escuras sobrancelhas, e como sempre, ficou com o rosto pálido ligeiramente ruborizado quando se concentrava no monitor do seu computador — Sylvia, me passa as atuais posições dos satélites artificiais. Não posso desviar de uma coisa e esbarrar em outra.

— Feito.

— Pronto, vamos passar a cerca de vinte quilômetros do tal míssil.  — afirmou o piloto, enquanto todos ouviam o rumor dos propulsores de manobra alterando o curso da nave.

— Não vamos não, — retorquiu McNamara — o míssil alterou a rota também, e voltou a mirar em nós. Colisão em doze minutos, trinta e três segundos e seis décimos.

— Equipe do observatório. — Chamou o Segundo Comandante Marcus Stone, pelo intercomunicador  — Alguém conseguiu definir o que é isso que vem em nossa direção?

— Algum tipo de foguete! Tem a forma de um grande míssil mesmo. — Respondeu Trajano de volta. — Os filhos da puta estão atirando em nós!

— Piloto.  —  Chamou a Comandante Valkíria.

— Vou fazer o possível.

— Todos prontos para eventual colisão e despressurização! — Disse, quase gritando, Valkíria, também ao intercomunicador, para todos ouvirem.

— Vladimir, use os satélites deles de escudo! — Sugeriu Marcus. Ao que recebeu um tenso e reprovador olhar de sua esposa, a Comandante. — Prefere morrer aqui, Val?

— Não, piloto siga a ordem do Segundo Comandante!

— Sim! Desligando cilindro rotatório, assumindo controle manual total.

Quase que imediatamente, enquanto o cilindro que simulava gravidade ainda estava finalizando sua imobilização, e a tripulação mal começava a perder a sensação de peso, a nave terrestre guinou. Foguetes de manobra cuspindo fogo intensamente, seus ocupantes pressionados contra seus assentos abruptamente, e os propulsores principais incandescendo num rubro azulado radiante. Por dentro do veículo toda a sua estrutura guinchando, chegando próxima de seu ponto máximo de estresse, símbolos de alerta espocando nos painéis de controle.

— Vladimir!... Vladimir!... Vladimiiiir!... — Repetia a Comandante, sem conseguir se conter, enquanto uma das grandes estações orbitais alienígenas assomava, crescendo subitamente no monitor panorâmico frontal da cabine de comando. Nem mesmo a experiência de Valkíria, que já voava há anos com o russo temerário, lhe fez acreditar que não bateriam em cheio. Mas Vladimir Vladimirovitch Plushenko tinha poucos rivais na pilotagem. Passaram, talvez, há pouco mais de cinco metros abaixo da estação extraterrestre, chamuscando aquela estrutura com os jatos da Cousteau. Mas o visual, depois dessa manobra, não tranquilizou ninguém. A nave da Terra mergulhava, como um bólido, bem dentro do setor da órbita daquele planeta mais apinhado de satélites e de tráfego.

— Syl, e o míssil? — Quis saber Valkiria, agarrando-se a cadeira de comando, onde já estava presa por seus cintos.

— Ainda mirando em nós. Ele tem uma manobrabilidade provavelmente superior a nossa, mesmo com Vlad pilotando! Sete minutos para impacto!

— Marcus, podemos lançar algo em nosso rastro?

— Não, Comandante, essa nave não foi feita pra isso, não temos o que ejetar e se abrirmos alguma comporta explodimos. Vladimir, outra sugestão, entre naquela zona de tráfego intenso, e reduza!

— O quê?! — Disse o piloto, incrédulo no que seu Segundo Comandante lhe dizia. Vladimir podia ver o míssil agora, cada vez mais próximo.

— Não vamos escapar daquilo! — Stone gritava — Isso aqui não é um caça! Com um caça eu aposto que você escapava de um míssil, amigo, mas com isso aqui, não! Para no meio deles e reza pra eles não matarem sua própria gente!

Olhando de um homem para o outro, a Comandante suspirou,  tensa, e disse:

— Cumpra, Vlad!

A Jacques-Yves Cousteau acionou com uma pequena explosão seus retrofoguetes, desacelerendo o mais rápido que pôde, por cerca de dois minutos sua tripulação foi submetida a intensa força inercial, alguns quase desmaiando. A nave terrestre mergulhou então no maior fluxo de veículos que pareciam transportar coisas ou pessoas ou ambas do solo lá embaixo para as estações orbitais, e entre estas. As navetas de transporte alienígenas, usando claramente foguetes de manobra também, se acomodaram aos poucos à presença da Cousteau, o fluxo era tão intenso ali que se saíssem muito de suas trajetórias, seria o caos. Um som melódico como um vibrante e cada vez mais intenso sino, cujos repiques aconteciam com cada vez menos tempo entre eles, plaaam, plaaam, plaaam, indicava  a aproximação fatal do míssil.

— Lá vem ele. — Disse a Major Sylvia McNamara, contendo uma risadinha nervosa. Sylvia sempre tinha vontade de rir quando estava ansiosa, fazia parte de seu jeito jovial e quase sempre radiante. Apesar de amar a jovem quase como uma filha, a Comandante não conseguia evitar de se irritar com esse tique nervoso de McNamara.

O radar repicava: plaaam!... Plaaam!

— Atenção. Preparem-se para o impacto! Selem os trajes! — Ordenou Valkíria ao intercomunicador, enquanto, assim como todo resto da tripulação, fechava o visor do capacete de seu traje pressurizado, embora ele fosse fechar sozinho ao menor sinal de despressurização, e prendia o tanque de oxigenação no encaixe frontal de seu traje, para poder continuar sentada e presa em sua cadeira. — Rádios dos trajes ok?

Um a um os tripulantes confirmaram, rapidamente, que estavam com trajes fechados e que, portanto, estavam ouvindo por seus rádios individuais a voz da Primeira Comandante. Todos em contato.

Plaaam!... Plaaam! Plaaam!

— O diabo do míssil é enorme… — Sussurou Sylvia, mas todos, evidentemente, puderam ouvir. Percebendo isso ela completou: — É quase o triplo da Cousteau. Nuclear?

Plaaam! Plaaam! Plaaam! Plaaam!

Evidentemente, nos últimos instantes, Vladimir Vladimirovitch girou a nave, numa tentativa de minimizar a área de impacto e os danos, deixando os tanques de combustível no ventre da nave do outro lado, e inclinando a forte blindagem dorsal dos motores contra o míssil.

PlaaamPlaaamPlaaamPlaaamPlaaam!

— Não vão parar… Tem um monte de gente deles em torno de nós, e eles não vão parar... — Disse o piloto enquanto fazia a manobra. A tela panorâmica da ponte de comando ainda mostrando a visão da câmera externa na direção de onde vinha o míssil, um monstro cavalgando chamas intensamente rubras, como alguma máquina apocalíptica medonha que se agigantava, agigantava, agigantava, um pequeno sol prestes a surgir na órbita daquele planeta, nada poderia impedir isso.

A comandante fechou os olhos, dolorosamente impotente. Sylvia ria baixinho, em algum lugar. Plushenko murmurava algo em russo. Stone jazia em profundo silêncio. Lá do observatório, era chegada também a hora em que nada mais soava tolo, e Jussara disse que sentiria falta de todos e Trajano gritou algo sobre amar.

Plaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaammmmmmmmm!!! Valkíria esticou a mão e agarrou a de Marcus. E foram todos engolidos por um imenso clarão na silenciosa e fantasmagórica explosão no espaço.

CONTINUA...

GANHE O LIVRO: Gostou desta degustação? Quer ganhar eBook do Livro Zero completo logo que ele estiver pronto? Então inscreva-se clicando aqui.

Agora, por favor, deixe o seu comentário aqui no final desta página, depois das notas de rodapé abaixo, sua opinião é FUNDAMENTAL, e vai me ajudar e a escrever mais e melhor para você!

_________________

Notas de Rodapé:

(1) Paralaxe: é utilizada, na astronomia, para definir a diferença na posição aparente de um objeto visto por observadores que se encontram em locais diferenciados. A palavra Paralaxe tem sua origem no idioma grego e significa alteração. Na astronomia, o termo corresponde à alteração da posição angular que ocorre entre dois pontos estacionários relativos quando vistos por um observador em movimento. Isto significa que ocorre uma aparente alteração em relação à posição de um objeto quando um observador varia o fundo de observação. Uma utilização prática da Paralaxe na astronomia é referente ao cálculo feito para medir a distância das estrelas tendo como base o movimento da Terra em sua órbita, é a chamada paralaxe estrelar. Já a paralaxe anual tem sua definição a partir da diferença de posição de uma estrela vista a partir do Sol e a partir da Terra. É importante para os cálculos que determinam distância em anos-luz. Calcula-se então o parsec que corresponde à distância para a qual a paralaxe anual é de um segundo de arco, também chamado arcseg. Cada parsec equivale a 3,6 anos-luz. É importante destacar que não é possível ver uma estrela a partir do Sol, em função disso, a observação é feita a partir de dois pontos opostos da órbita do planeta Terra e o resultado obtido é dividido por dois. A distância que um objeto possui em parsecs pode ser calculada do inverso de sua paralaxe. O resultado da paralaxe é obtido através da divisão da unidade astronômica, que corresponde à distância média da Terra ao Sol, pela distância até a estrela desejada. O valor encontrado é multiplicado por 180 e pelo resultado da divisão de 3600 por PI. O resultado dessa conta é dado em arcseg. (Dicionário Informal: http://www.dicionarioinformal.com.br/paralaxe/)

(2) Momentum: Em Física significa o produto da massa pela velocidade do corpo; impulso; quantidade de movimento. Também significa força, ímpeto, pique. (Dicionário Informal: http://www.dicionarioinformal.com.br/momentum/)

(3) VRP (Virtual Reality People): Toda e qualquer Inteligência Artificial (I.A.), pois todas são baseadas em um mesmo sistema algorítmico, conhecido como Vínculo Matriz-Conceito de Maia (Maia - 2010), ou Algoritmo de Maia. Uma VRP é uma "pessoa sintética", que pode ter as mesmas capacidades intelectuais de um humano, ou ser muito superior, intelectualmente, a este. Uma VRP ainda pode existir somente como um software dentro da VRnet, ou ter toda uma estrutura de hardware, que pode ser um poderoso computador quântico ou um optoeletrônico EpChip (encefaloprocessadores Matriciais). Por força de Lei Constitucional Mundial, toda VRP deve ter seus algoritmos (o essencial Algoritmo de Maia e todos os paralelos) dependentes do Algoritmo Ozimov, que é uma técnica que consiste em um algoritmo de aprendizagem de máquina, cuja função abstracional está focada na identificação de contexto de situações decisórias da Inteligência Artificial na qual está implantado, sopesando tais decisões de acordo com três critérios a saber: quanto bem causa, quanto mal causa, e quanta justiça gera. Como os instintos mais básicos e inescapáveis do ser humano, numa VRP o Algoritmo Ozimov está na raiz de cada decisão e recorre a um banco de dados de situações éticas básico mas amplo, que, no entanto, vai crescendo de acordo com a vivência da máquina. Ou seja, a máquina não toma nenhuma atitude sem que esta passe primeiro pelo Algoritmo Ozimov (isso está garantido tanto por estruturas de software quando de hardware dedicado ou não, e está previsto em cláusula da Constituição Mundial como de uso obrigatório, sendo crime gravíssimo a fabricação de robôs sem essa salva-guarda. Vale notar que, não raro, a Agência Código 7 usa VRPs de vários tipos, de robôs a softwares, sem ou com uma versão o Algoritmo Ozimov modificada, que permite, por exemplo, que seus robôs de segurança portem armas mortais e façam uso delas), e quanto mais atitudes éticas a máquina sopesa e compreende, mais refinado fica o algoritmo. O nome do algoritmo é a pronúncia do sobrenome em russo do bioquímico e escritor de ficção científica Isaac Asimov [WikiPédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_Asimov], criador de contos e romances protagonizados por robôs que seguiam fundamentalmente as Leis da Robótica [WikiPédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_da_Rob%C3%B3tica], de sua autoria e que serviram de inspiração para toda uma vertente da engenharia robótica voltada a criação de Inteligências Artificiais dotadas de comportamento ético, culminando no pequeno e rudimentar robô chamado de Nao, da Aldebaran Robotics (http://www.aldebaran-robotics.com/), no ano de 2010, que foi a primeira máquina dotada de princípios éticos [Revista Scientific American Brasil, Ano 8, Número 102, Novembro de 2010], e, em meados do século seguinte, na criação e aprimoramento do Algoritmo Ozimov e de sua técnica de aplicação.

(4) Radiotelescópio: Constrastando com um telescópio óptico, que produz imagens a partir da luz visível, um radiotelescópio observa as ondas de rádio emitidas por fontes de rádio, normalmente através de uma ou um conjunto de antenas parabólicas de grandes dimensões.(Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Radiotelesc%C3%B3pio)

(5) Espectroscopia Astronômica: é a técnica de espectroscopia usada na astronomia. O objeto de estudo é o espectro de radiação eletromagnética, incluindo luz visível, que irradia de estrelas e outros corpos celestes. Espectroscopia pode ser usada para determinar muitas propriedades de estrelas distantes e galáxias, como suas composições químicas. (Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectroscopia_astron%C3%B4mica)

(6) Perigeu: (Astronomia) ponto da órbita de um astro ou satélite em torno da Terra, no qual ele se encontra mais próximo de nosso planeta. (Wikidicionário: http://pt.wiktionary.org/wiki/perigeu)


Tags
5 years ago
Especial Fantasia @amazon Livro 2. _____ #ficçãocientífica #Scifi #WagnerRMS Https://www.instagram.com/p/B90kMo4DFlJ/?igshid=189drm1vaouom

Especial Fantasia @amazon Livro 2. _____ #ficçãocientífica #Scifi #WagnerRMS https://www.instagram.com/p/B90kMo4DFlJ/?igshid=189drm1vaouom


Tags
5 years ago

Asia Web Awards 2019: Melhor Roteiro de Ficção Científica

Ver o nome da gente ali, numa indicação para Melhor Roteiro Sci-Fi em um festival Internacional da importância do AWA, ao lado dos geniais Flávio Langoni, Lívia Pinaud e toda a admirável equipe da webserie Outro Lado… é algo tipo: UAU!!! 🤩👏🏼👏🏼👏🏼❗🇧🇷

・・・

Saíram as indicações do ASIA WEB AWARDS e a gente não poderia estar mais feliz 😍❤️🎬🎥. Nossa webserie friburguense “OUTRO LADO” (OTHERSIDE) teve 9 indicações a prêmios, incluindo Melhor Atriz para Catherine Pereira Bon (@cathe.bon) e Melhor Ator para Thiago Mello (@thiago.mello.nf)

É NOVA FRIBURGO PARA O MUNDOOO!! 🌎❤️

We got the nominations for Asia Web Awards yesterday and we couldn’t be happier! 😍❤️🎥🎬 Otherside, made in Nova Friburgo, got 9 nominations including best actress to Carherine Pereira Bon and Best Actor to Thiago Mello!!!

IT’S NOVA FRIBURGO TO THE WORLD!!

Apareceu primeiro no Instagram


Tags
4 years ago

O Poder de Fogo da Imaginação Brasileira!

image

Hoje tenho uma dica de livro nacional bem bacana! Ad Astra et Ultra*, mais uma Criativa brasileira de talento: o livro se chama Irmandade dos Sem Futuro.

A autora Nia França tem a gana certa, o talento certo, o conhecimento crescente como deve ser, em pleno Yang da juventude, explodindo em potencial, a Escritora (sim, você já é, Nia) tem aquele trilhão de coisas entrecruzando a mente que temos nessa época (e alguns de nós, em todas as épocas), estudos, acasos, questões, dores, amores e sincronicidades, mas não para aí, ela arregaça mangas e, com muito bom domínio da narrativa fantástica, começa a fazer o trabalho de quem escreve: ordenar e encaixar as peças de quebra-cabeças do Universo, dando-lhes um sentido que talvez nem tenham em si. 

O livro é uma jornada por mundos paralelos e para dentro daquela afirmação de que ciência suficientemente avançada deve ser indistinguível de magia. 

Conforme a autora ganhar ainda mais experiência (todos nós precisamos, sempre) sua Obra vai amadurecer, este livro pode ganhar menos dos tais verbos de pensamento, algumas coisas obscuras poderiam ganhar dicas mais claras, outros desdobramentos que têm luz de probabilidade demais sobre eles poderiam ganhar um twist ou dois, e é impossível não haver algumas pequenas falhas de continuidade, quem escreve sabe, mas o texto, em poderoso estilo do realismo mágico como é feito pelos ingleses, diverte e instiga, e faz ter vontade de ler mais, especialmente se você é ou procura manter parte de si olhando para o céu noturno como um jovem. 

O livro na Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B087T5NY6N

A propósito, o meu número, creio, é 7.

__________ * Aos Astros e Além.


Tags
3 years ago
PRIMEIRO SORTEIO DA FRATERNIDADE ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ PRÊMIOS:

PRIMEIRO SORTEIO DA FRATERNIDADE ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ PRÊMIOS: ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ DOIS LIVROS: Saga Krystallo de Raphael Fraemam e Joyland de Stephen King ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ . SORTEIO VÁLIDO POR UMA SEMANA ATÉ 03/07 . ⚠ REGRAS: ⚠ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Seguir a @fraternidadedeescritores!!! . MARCAR DOIS IGs AMIGOS, mas esses amigos não podem ser fakes, famosos ou inativos. Podem comentar quantas vezes quiser!!! (com indicações diferentes de amigos) . O ganhador será avisado por nós! Além disso, terá que ter o ig liberado no dia do sorteio para a conferência das regras. IGS CRIADOS SOMENTE PARA ESSE SORTEIO, NÃO SERÃO ACEITOS. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ O participante que parar de seguir após o sorteio, terá sua conta bloqueada aqui e nos igs participantes, e será impedido de participar de novos sorteios. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ !!! SORTEIO SERÁ NO DOMINGO QUE VEM (04/07) E NÃO TEM HORÁRIO. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ DICA: Espere um intervalo de 3 a 5 segundos entre cada comentário para não ser bloqueado pelo Instagram. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Se for bloqueado NÃO clique em "relatar problema" , clique em "🆗" e aguarde. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Pronto, você já está concorrendo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ▪️O prêmio será enviado em até 30 dias. ▪️Não nos responsabilizamos por extravio dos correios.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ▪️Esse sorteio tem caráter recreativo. . BOA SORTE!!! 😃😁❤️❤️ #sorteio #repost de @fraternidadedeescritores https://www.instagram.com/p/CQmGyyvL9tP/?utm_medium=tumblr


Tags
11 years ago

Sob o Olhar da Eternidade (Parte 2)

Meus profundos agradecimentos àqueles que me deram a honra de me ler até aqui! Vamos em frente, neste texto um tanto crítico, outro tanto irônico, onde Milton, uma pessoa tão comum e tão desalentada pela realidade crua quanto muitos de nós, mergulha em um mundo de paranóia, ciência, e conspirações, tentando encontrar a si mesmo dentro de um prisão que ele crê eterna!

Leia a Parte 1 de "Sob o Olhar da Eternidade"

Qual a Probabilidade?

Milton comprou, à prestação, um fotômetro. O mais preciso que o Google conseguiu lhe indicar. Ajustou o aparelho, e começou, dia após dia… Ou melhor, nas repetições daquele dia, ele começou a tentar pegar o raio de luz que lhe cegava. Mas o Universo, como da hábito, não pretendia entregar seus segredos sem lutar, e as mesmas coincidências que o levavam a ser cegado pelo reflexo na cúpula de vidro agora o tiravam, diligentemente, do alvo.

— Você mora perto da minha casa, não? — Disse-lhe sua vizinha, subindo ao seu lado a escada rolante para a plataforma do trem, em Madureira, quando ele ia para o trabalho.

Era inacreditável, mas o fato de ele saber que o dia se repetia deveria estar causando flutuações mais intensas na realidade, pois lá estava, bem ao lado dele, a mulher que tanto o atraia, e que jamais havia percebido a existência de Milton, e agora não só estava a menos de um metro dele, mas também tomou a iniciativa de puxar assunto. Antes mesmo que ele pudesse responder, ela riu, sem jeito, e foi dizendo:

— Desculpe, não me entenda mal. Quero dizer… — Riu de novo, ainda mais sem graça. — Mas somos vizinhos, não somos?

— Você é muito lind… — Engolindo de volta o que tentou dizer em um ato falho, Milton engasgou ligeira mas visivelmente, tentando também consertar o dito: — Minha vizinha, sim, você é minha vizinha.

— Eu sabia! — Ela sorria. — Meu ônibus enguiçou, tive que pegar o trem. Não costumo fazer isso, mas como eu sei que você é um cara gentil, eu, meio louca, sei lá, perguntei antes de perceber que isso iria ficar estranho.

Milton comprou, à prestação, um fotômetro. O mais preciso que o Google conseguiu lhe indicar. Ajustou o aparelho, e começou, dia após dia… Ou melhor, nas repetições daquele dia, ele começou a tentar pegar o raio de luz que lhe cegava. Mas o Universo, como da hábito, não pretendia entregar seus segredos sem lutar, e as mesmas coincidências que o levavam a ser cegado pelo reflexo na cúpula de vidro agora o tiravam, diligentemente, do alvo.

— Você mora perto da minha casa, não? — Disse-lhe sua vizinha, subindo ao seu lado a escada rolante para a plataforma do trem, em Madureira, quando ele ia para o trabalho.

Era inacreditável, mas o fato de ele saber que o dia se repetia deveria estar causando flutuações mais intensas na realidade, pois lá estava, bem ao lado dele, a mulher que tanto o atraia, e que jamais havia percebido a existência de Milton, e agora não só estava a menos de um metro dele, mas também tomou a iniciativa de puxar assunto. Antes mesmo que ele pudesse responder, ela riu, sem jeito, e foi dizendo:

— Desculpe, não me entenda mal. Quero dizer… — Riu de novo, ainda mais sem graça. — Mas somos vizinhos, não somos?

— Você é muito lind… — Engolindo de volta o que tentou dizer em um ato falho, Milton engasgou ligeira mas visivelmente, tentando também consertar o dito: — Minha vizinha, sim, você é minha vizinha.

— Eu sabia! — Ela sorria. — Meu ônibus enguiçou, tive que pegar o trem. Não costumo fazer isso, mas como eu sei que você é um cara gentil, eu, meio louca, sei lá, perguntei antes de perceber que isso iria ficar estranho.

— Não ficou. Não, não ficou. Somos vizinhos, devemos nos conhecer. — A pasta tiracolo dele escorregou de seu ombro, e Milton a ajeitou. — Tudo anda tão louco, que é bom saber que pessoas conhecidas estão por perto… Ei, desculpe perguntar, mas como sabe que eu sou gentil?

— As pessoas falam. — Ela estava estonteante, arrumada para o trabalho, elegantemente e sutilmente sensual. Devia ser advogada, ou algo assim, ele pensava.

— Pessoas?

E dali em diante ficava fácil deduzir o por que fez ele não ter conseguido medir o reflexo luminoso, de novo. Na verdade ele nem lembrou do flash até chegar ao Centro do Rio. Sua vizinha, que se chamava Rheny Alencar Roussel, explicou a ele sobre como as senhoras da vizinhança, que gostavam dela pois todos os sábados Rheny jogava cartas com elas, haviam colocado Milton na lista de boas e más pessoas das redondezas, enquanto fofocavam inofensivamente entre si. Ele era uma das pessoas boas. Uma certa senhora do grupo, que Steinberg sempre achou que não gostava muito dele, o viu respondendo aos acenos de crianças dentro um ônibus que agitavam as mãozinhas nas janelas (quando acenam para você, é educado, ele achava, acenar de volta, especialmente quando se percebe a alegria inocente dos pequenos) em uma rua próxima, deixando-as risonhas e felizes.

Milton jamais imaginaria que ele pudesse estar em uma lista dessas, no lado das boas pessoas, e se sentiu feliz com aquilo. Tão feliz que, ao se despedir de Roussel, sem, no entanto, reunir coragem para pedir a ela um telefone ou algo assim, subitamente se deu conta de que havia esquecido de medir o reflexo luminoso!

Na tentativa seguinte, exatamente quando Milton levantava o fotômetro, um sujeito lhe disse que estava perdido, que precisava ir ao Centro mas que não sabia se estava indo na direção certa, pois era de fora do Rio, e estava ali para buscar uma irmã, que ele não via há quase vinte anos, e etc e tal, e pronto, lá se foi sua chance naquela manhã de medir o foco luminoso.

No dia posterior Steinberg estava tentando, dentro do vagão em movimento, acionar o aparelho de medição sem tirá-lo da bolsa, pois nos dias anteriores achou que os seguranças da linha férrea o estavam olhando torto, talvez estranhando que ele andasse apontando aquele aparelho para lá e para cá, enquanto o calibrava. Milton, portanto, passou a tirar o fotômetro só quando estava chegando perto do ponto onde a luz o atingia. Mas enquanto tentava acionar o aparelho que, por alguma razão misteriosa não queria ligar, ele foi abordado pelo pedinte ranzinza, que o cutucou com uma caneca, e disse:

— Qualquer dez centavos serve.

— Hein? Ah, sim. Eu não tenho.

— Você nunca tem.

Milton ficou olhando para o pedinte, um senhor de certa idade, sem saber o que dizer além de um xingamento, que, em verdade, ele preferia não dizer. Steinberg não era muito velho, mas era do tempo em que não se xingava tão levianamente quanto hoje em dia. Então, subitamente, o homem preso em um único dia se viu perguntando ao mais velho:

— Para quê o senhor quer dinheiro?

— Estudar.

— C-como? O que você disse?

— Isso que você ouviu, rapaz. Na verdade eu sempre explico, mas você é um daqueles muitos que não escutam, que não querem escutar, ou estendem a mão e deixam cair seus trocados aqui na caneca, — a peça de plástico se agitou e tilintou na mão dele — ou fingem que não me viram. Uns poucos me dizem um mais cortês não. Você sempre me diz não, mas pelo menos fala comigo.

— Me… Desculpe.

O velho deu de ombros e prosseguiu, animado em conversar:

— Lembra do cara que morava na rua e que estudou e passou para o concurso do Banco do Brasil?

— Ouvi falar…

— Pois é. Eu já fui professor, agora moro na rua, junto com outras pessoas em um buraco na estação de Madureira. Mas acho que posso sair dessa, seguindo o exemplo daquele homem, estudando.

— Professor? — Milton ficou com a impressão que conhecia o velho pedinte, e essa impressão deve ter transparecido em seu rosto, pois o outro foi dizendo:

— Sim, eu fui seu professor no ginásio. Eu nunca esqueço um rosto, eu acho que você era o… Rosemberg?

— Steinberg. Português? O senhor ensinava português?

— Estudos sociais.

— Como? Quero dizer, como isso aconteceu, professor?

— A profissão já não tem muito prestígio no país no futuro, sabe como é. O país das desgastadas chuteiras tem tudo para ser o país dos diplomas, mas não é. — Seu sorriso não desapareceu, mas seus olhos expressavam mágoa, quando completou: — E, cá entre nós, convenhamos, droga só pode chegar tão fácil na mão da gente com a conivência, ou coisa pior, dos governantes, certo?

Milton, agora, foi quem deu de ombros. Aquilo era uma coisa que todo mundo sabia, política e marginalidade no Brasil eram quase sempre a mesma coisa. Steinberg fez uma cara triste. Achava que lembrava, vagamente, do professor, e ele era um cara que ensinava legal, sempre risonho, parecia gostar muito de lecionar.

Steinberg se atrasou para o trabalho naquele dia. Ele e seu antigo mestre comeram juntos na mesma cafeteria que Milton sempre frequentava, e o professor viu a xícara de café vibrar e o líquido preto dentro dela se preencher de ondas concêntricas!

— O senhor viu isso? Viu só?

Ele tentou explicar ao idoso professor que aquilo acontecia diariamente, e não teve certeza se o cara entendeu que algo inusitado estava acontecendo. Depois disso Milton passou em uma livraria com seu antigo mestre, que sonhava em voltar a estudar, e quase estourou o que restava do limite do seu cartão de crédito, comprando apostilas e livros para o sujeito, cujo rosto se iluminou, ele tinha uma chance! Em uma LAN house, Steinberg fez um perfil no Facebook para o sem teto, anotou os dados em um dos livros que haviam comprado, e fez o cara prometer que, quando superasse aquela época difícil, após passar no concurso, iria fazer contato com ele. Milton sabia que isso não aconteceria, pois nunca mais haveria amanhã, mas, caramba, justamente por isso, dane-se! Deu algum dinheiro para o sujeito, e se despediu dele. O velho professor ficou tão feliz que Milton só lembrou do flash luminoso no dia seguinte.

Mais um dia e Steinberg estava, de novo, no vagão, e conseguiu, com algum esforço, chegar à exata posição onde, ele já estava cansado de saber, o raio de luz o atingia. Mas assim que chegou lá, tossiu. Um sujeito de terno e gravata, com aparência de executivo, parecia ter passado a noite anterior dentro de um grande tonel cheio de perfume! Se ao invés de cheiro o camarada estivesse exalando fogo, o trem inteiro teria explodido e estaria ardendo em chamas! Era quase insuportável, mas, desta vez, Milton estava decidido a não deixar nada, de jeito nenhum, impedir que ele fizesse a medição da luz. Fincou pé em sua posição e armou o fotômetro assim que o trem parou na estação logo antes de onde ele sabia que o raio luminoso costumava aparecer. Em cerca de dois minutos o flash espocaria da cúpula de vidro do templo religioso, mas não atingiria seus olhos, e sim o sensor do fotômetro.

Houve um certo tumulto, na estação em que o trem havia parado, um burburinho, algumas pessoas correndo, e Steinberg ouviu, em algum lugar, a palavra “assalto”, mas não houve uma explosão de gente em fuga, o que pareceu indicar que tudo havia passado. As portas da composição se fecharam, ele apertou o sensor luminoso na mão direita, enquanto a esquerda segurava firmemente a barra de metal acima dele, que servia para que as pessoas entulhadas ali dentro se mantivessem de pé, para caberem mais dos ditos dignos trabalhadores por metro cúbico.

Steinberg olhou furtivamente em volta de si, e não viu nenhuma pessoa conhecida, ergueu o aparelho, pondo ele em frente ao rosto e… Seu telefone tocou. Ele ignorou. Alguém dentro do vagão gritou alguma coisa. Ele ignorou.

A qualquer instante a luz iria espocar!

Mas antes disso, alguém esbarrou nele, se levantando de um dos assentos à frente, abarrotados de pessoas, como quem quer fugir, sair de perto dele, e Milton percebeu, de canto de olho e depois olhando diretamente, que dois seguranças, com bonés e coletes de cores berrantes, vinham em sua direção, olhando-o com raiva!

— Larga esse troço! — Um deles gritou, enquanto o outro levantava um cassetete.

Milton, que sabia o quão bem treinados eram esses tipos de profissionais no seu país, desatou a correr, claro. Ou melhor, tentou correr no engavetamento de gente que era o vagão balouçante de trem naquele momento da manhã.

Um agressivo estalo elétrico o fez perceber que alguém, certamente um dos seguranças, empunhara uma arma de choque, e instintivamente Steinberg começou a empurrar as pessoas, como o afogado que empurra a água tentando respirar! Em algum lugar seu celular tocava sem parar, ele nem se dava conta, enquanto lutava para escapar. Ele chegou ao fim do vagão e atravessou o acesso que havia entre as composições acotovelando quem estivesse pela frente. Milton chegou a levar um soco desengonçado de alguém, mas estava com a adrenalina tão alta, que mal sentiu o fraco golpe, enquanto ouvia os gritos cada vez mais selvagens dos dois seguranças, que praguejavam e xingavam Steinberg, as pessoas que atrapalhavam a perseguição, maldizendo tudo, até o mundo que era uma merda! Corriam aos tropeções, os três, enquanto as pessoas faziam o possível para sair do caminho, quando Milton bateu contra a parede no fim daquela composição, não havia acesso à próxima composição, não havia mais para onde ir. A não ser para fora! Então, empurrando as pessoas que, apavoradas, se contorciam para escapar, ele se esgueirou até a lateral onde estava a saída, agora fechada, segurou a borracha carcomida entre as duas abas da porta do vagão, enfiando ali os dedos e agarrando essas abas com os cotovelos apontados para os lados, e fez força para abrí-las. Forçou uma, duas vezes. Os seguranças cada vez mais próximos. Novamente Steinberg forçou as portas, que cederam, relutantemente no começo, mas se escancarando devido a má conservação no final! A ventania entrava, visto o trem estar em plena velocidade, e Milton parou no limiar da porta aberta, olhando o chão de brita correr abaixo. Virou o rosto, viu que o trem se aproximava de mais uma estação, logo iria desacelerar, se ao menos conseguisse atrasar os seguranças, pensou. E imediatamente se deu conta dos camelôs que pululavam entre os passageiros, sempre tentando vender seus produtos no meio daquele sufoco, pagando propina sempre para os seguranças da linha férrea, mas não raro perdendo tudo que tinham para os caras, quando estes resolviam fingir trabalho para seus superiores. Milton gritou:

— Meganha! Segura os meganhas! — Usando gíria que, em suas infindáveis viagens de trem, ouviu os camelôs usando.

Alguém, para sorte de Steinberg, perdeu o senso de perigo e resolveu agir, pondo uma perna bem no caminho do segurança que já estava quase alcançando Milton, e o cara desabou no chão, seguido do colega. A arma de choque deve ter disparado, pois ouviram-se gritos e estalos elétricos. No tumulto que se seguiu, o trem já estava quase parando na estação, e Steinberg desceu correndo, o fotômetro ainda na mão, esquecido. Girando no próprio eixo, ele percebeu que estava na estação ao lado da Quinta da Boa Vista! Poderia correr para o metrô, e desaparecer por lá. Subiu as escadarias correndo, e talvez tenha sido esse o seu erro ingênuo, pois assim que os seguranças que o perseguiram dentro do trem começaram a berrar (deveria haver um rádio quebrado em algum lugar, um monte deles para os seguranças, os quais a corrupção endêmica brasileira não deixava serem consertados nunca) outros seguranças vieram correndo de cima, e se atiraram sobre Milton, o único cara que parecia fugir, pois estava em disparada. Steinberg foi derrubado, rolando escada abaixo e batendo a cabeça.

Escuridão.

Pobre Homem Louco

Milton despertou numa espécia de enfermaria sem janelas. A porta estava aberta, ele pôde ver assim que se levantou da maca em que havia estado. E assim que ele fez isso, por esta porta entraram os dois seguranças que o haviam perseguido, seguidos de ninguém menos que Rubens, que foi dizendo:

— Foi bom ele acordar, significa que ninguém aqui vai se encrencar.

— Ele é que tá encrencado, chefia. — Disse um dos seguranças, cujo crachá Milton se esforçava mas ainda não conseguia ler.

— Ah, colega, quê isso?

E o Doutor Castilho se aproximou do segurança, despretencioso mas sério, e continuou, em um quase sussurro:

— Olha para o meu amigo. Ele está tendo uma crise, um atque de ansiedade. — e falando em um tom ainda mais baixo: — O pobre homem está louco, passando por muita coisa, não feriu ninguém além dele mesmo. Vamos esquecer isso tudo.

Milton, cuja cabeça latejava, conseguiu ouvir o murmúrio, e fez cara de quem não gostou, mas um instante depois sua expressão mudou. Estaria mesmo louco? Seria tudo aquilo imaginação dele? A certeza que tinha dentro de si, de que o mesmo dia se repetira eternamente, era pétrea, mas sua vida estava começando a ficar tão louca com aquilo, que a certeza de que ele próprio era uma pessoa sã já não era tão forte. Lembrou da Navalha de Occam, de Alice, e se calou, apenas observando enquanto Rubens conversava com os outros homens. O segurança com quem Lewroy iniciou a conversa, em certo momento, fez que sim com a cabeça, e disse:

— Está bem, doutor. Todo mundo tem seu dia de cão. É tanta sacanagem, violência e roubo que tá todo mundo com os nervos estourando.

— É mesmo. Tudo anda tão desanimador. — Concordou Rubens.

— É isso mesmo. A gente parece que tem acesso a mais informação, tipo pela Internet, mas fica sabendo que político tudo é bandido, que copa do mundo é tudo armação, que a vida podia ser bem melhor, mas se depender de quem manda, nunca será, que acaba ficando meio louco.

O outro segurança, mais calado, apenas balançou a cabeça, concordando. O primeiro segurança, mais falante, ficou um momento em silêncio, olhando para Milton, que ainda massageava a própria nuca, e então o sujeito disse:

— A gente também anda cansado. Confundimos ele com ladrão… Faz o seguinte, espera aqui que eu vou avisar a chefia e logo depois liberamos vocês, tá bem?

Lewroy abriu os braços e meneou a cabeça, dizendo simplesmente:

— Obrigado, caras.

Ambos os seguranças se foram.

Milton, constrangido, inseguro quanto a sua própria sanidade, já ia agradecer à Rubens, e perguntar como ele o encontrou, quando Lewroy o agarrou pelos ombros, o fitou olho no olho, a menos de um palmo de distância do seu rosto, e disse, num sussurro, quase selvagem:

— Milton! Escuta, cara! Alice, ela sabe de alguma coisa sobre um projeto que eu e ela participamos, e que eu não sei. Tem haver com o que você apareceu lá no meu trabalho.

— Q-que projeto?

— Uma iniciativa internacional, um experimento prático, que foi levado a cabo há alguns dias. Não interessa, só me escuta: fica longe, muito longe da Urca e da Alice, está bem? Acho que é perigoso, cara, eu tô dando um tempo, vou sair do Rio.

— Como você me achou?

— O Clinton é um amigo meu, Federal. Seu celular. Agora levanta, vem, nem vamos esperar os seguranças, não podem nos manter em cárcere, é ilegal. Vamos, eu te ajudo. Ah, toma isso, estava contigo e eles me devolveram, eu expliquei que é inofensivo, apenas um fotômetro.

Se pondo de pé, e pegando o aparelho das mãos do amigo, Steinberg fez um sinal de que podia andar sozinho, quando o outro tentou apoiá-lo. Apanhou também sua pasta tiracolo, que estava nos pés da maca, a pôs no ombro, e seguiu Rubens, que saiu na frente, mas assim que o físico pôs um pé fora da claustrofóbica enfermaria, este levou a descarga de uma arma de choque, Milton viu o clarão e ouviu o som inconfundível!

Enquanto seu amigo físico desabava no chão, os olhos de Steinberg se arregalavam! Estava encurralado!

Continua na próxima semana, não perca...

Leia a Parte 3 de "Sob o Olhar da Eternidade"

Comente, participe! Milton está louco?


Tags
11 years ago

Para Gostar de Ler (Muito)

image

Se quer compor o livro, aqui tem a pena, aqui tem papel, aqui tem um admirador; mas, se quer ler somente, deixe-se estar quieta, vá de linha em linha; dou-lhe que boceje entre doutros capítulos, mas espere o resto, tenha confiança no relator destas aventuras. _ Machado de Assis

O Jovem Mestre Jedi André Farzat costuma dizer, brincando comigo, que eu não tenho estante de livros. Que eu tenho é um abatedouro de livros.

Pois é, lendo, eu fui a estes e a outros lugares tão ou mais extraordinários! Vagueei em universos paralelos, miniaturizei e mergulhei no cérebro humano, me descobri imortal, testemunhei a construção e destruição da máquina da felicidade, encontrei a assinatura do artista que engendrou o Cosmos no "π", vislumbrei a terceira onda, ganhei o lugar do jogador número um, vi árvores e vassouras falantes, magos, robôs sem e com alma, encontrei o fim e o recomeço do Universo, aprendi a essência da filosofia, da política, antropologia, astronomia, etc, etc, etc, e compreendi completa e profundamente que a ignorância só abençoa àqueles que dominam os desengenhosos.

Ler é fundamental, expande horizontes, te torna mais capaz de se defender, mais imune a que te façam de besta, de gado, impede que você seja fácil de manipular e manobrar, te faz ser crítico e reivindicador de seus direitos tanto quanto te faz zeloso dos seus deveres, te dá ferramental intelectual para compreender o outro, e fazer do outro sempre fim, nunca meio, e portanto te põe capaz de buscar a serenidade e a felicidade verdadeira através da sabedoria e do desapego às tolices materiais de nossa sociedade de consumo inútil, e, além disso tudo, mantém seu cérebro saudável (e o restante do teu corpo também, pois alivia o estresse, e te propicia entender melhor o que lhe diz seu médico, e a se cuidar melhor). Ler faz teu espírito engrandecer, e torna teus caminhos sempre renovados e possíveis, “nada é nunca, e nunca é não”, e o dono do teu destino é você mesmo, acima de dogmas, sob a Luz Altíssima da Razão e da Fé sapiente.

Mas como, me perguntam, se consegue aprender tal arte? Como se aprende a gostar de algo que, a priori, parece aos olhos de alguns (giro o botão de minha empatia para o grau máximo para entender isto) maçante?

Bem, hoje um dos meu amigos, o caríssimo e inteligentíssimo Mestre Vinícius Aragão, numa conversa comigo me propôs solução: assim como se vai à academia para enrijecer músculos com disciplina, também se pode desenvolver as conexões neurais com um pouquinho de disciplina e exercícios.

Concordo, e te proponho exercícios de libertação do espírito da leitura em você, para revolucionar também tua Vida. Assim:

Peque algo para ler que tenha haver contigo. Qualquer coisa. Algo que te acrescente, por exemplo um livro técnico para o trabalho, ou umas revistas divertidas, quadrinhos talvez, eu adoro quadrinhos, ou mesmo o velho e bom livro. Enfim, pegue uma leitura qualquer que não te desagrade ao menos.

Então leia uns pequeninos dez minutos disto por dia. Sim, vai acontecer dia em que você não conseguirá, então apele para a disciplina, para a força de vontade, por fim para a rebelde teimosia se necessário, seja persistente, e não desista, nunca! Seja brasileiro, tenaz, indomável, arranque os seus dez minutos diários de leitura do tempo gasto com aquele joguinho viciantemente inócuo do celular, ou daquelas piadinhas vagas e igualmente inócuas postadas e repostadas nos faces e whatsapps da vida, e leia. Diariamente, dez míseros minutos. Leia.

Pegue rítimo, e leve esses ingredientes anteriores ao forno dos dias, e deixe o senhor tempo dourá-los, e, repare, vai chegar um momento, muito antes do que você pensa, muito antes mesmo, em que dez minutos serão pouco, e cada vez maior será o seu coração, e sua vontade de ler!

Já reparou numa coisa? Ditadores, quando querem subjugar e escravizar um povo, a primeira coisa que fazem é queimar livros.

Só dez minutos. Eu aposto em você!


Tags
11 years ago

Na mais absoluta profundidade da dimensão espacial, que aparentemente é plana e sem nenhuma ruptura, ocorrem os mais terríveis frenesis (turbulências) e isso impede uma conciliação amigável entre a Relatividade e a Mecânica Quântica.

Wikipédia


Tags
11 years ago
Terminei O Tutorial Do Scrivener, E Construí Meu Template, De Forma A Manter Sempre Que Possível Uma

Terminei o tutorial do Scrivener, e construí meu template, de forma a manter sempre que possível uma estrutura padrão para meus livros.

Estou pronto para surfar na Arte!

O Scrivener que uso é ainda uma versão trial, mas resolvi tirar um gostinho para ver qual motivo da empolgação dos colegas escritores, já que este editor está atraindo a atenção de quem pretende ser o “amador que não desistiu”, pois é um editor de textos feito exclusivamente para Romancistas e Roteiristas, segundo dizem assim, com erre maísculo. Ele tem recursos bastante atraentes para quem quer seguir a profissão, tais como foco na criação, quadro de cortiça organizado em cartões referentes a cenas e sinopses, pesquisas e arquivamentos destes dados acoplados, gerenciáveis e sempre à mão, gerador de nomes de personagens, possibilidade de uso de templates (você os acha gratuitos na Internet) com a estrutura montada para contos pulp e romances, por exemplo, usando técnicas consagradas, ou mesmo roteirização de cinema e quadrinhos dentro de normas internacionais.

Um template interessante que achei foi focado na Jornada do Herói, conceito criado pelo antropólogo Joseph Campbell, e que está por trás do escancarado alcance do cinema norte-americano por exemplo. Mas no final das contas optei por montar o meu próprio template, seguindo a estrutura que venho aplicando aos meus livros já publicados.

Mas, retomando o editor em si, a possibilidade de se obscurecer tudo o mais na sua tela e ficar mano a mano com seu texto, ao simples clique de um botão, é outro recurso bastante legal. Criar não exige uma tonelada de recursos, é só você, suas referências interiores, um teclado para batucar, e uma folha em branco sempre gritando na sua cara que você pode fazer melhor que aquilo!

Existem outros tantos recursos que fazem o Scrivener ser tão desejado por nós, que escrevinhamos com paixão, como gerar backups automáticos que você pode apontar para uma pasta em seu computador onde você previamente instalou e sincroniza seu conteúdo com um servidor em nuvem, como o Dropbox ou Google Drive, etc, etc, etc, eu aconselho a leitura do artigo que me fez experimentar este editor, onde Fábio Yabu explica o por quê de ele crer que todo o escritor deveria usar o Scrivener.

Scrivener possui versões para Windows e Mac, sendo originário, até onde compreendi, desta última plataforma. Instala-se (quase todo, menos o tutorial, ugh!) em português, e justamente por ser focado na criação, exige aprendizado mas é bem mais simples (embora mais poderoso se consideramos seu foco) que o Word, ou seja, você aprende fácil.

Gostou? Experimente você também: Site Oficial, com download de versão de testes!

"Elimine toda palavra supérflua". _ Ernest Hemingway.

Booooa, Ernest!


Tags
3 years ago
Que Tal Ganhar 2 Livros Físicos De Presente Neste Fim De Ano? A Fraternidade De Escritores @fraternidadedeescritores

Que tal ganhar 2 livros físicos de presente neste fim de ano? A Fraternidade de Escritores @fraternidadedeescritores irá presentear seus fiéis seguidores. Veja como garantir este super prêmio em apenas 3 passos. 1 - Curta a foto desta promoção no POST OFICIAL @fraternidadedeescritores 2 - Escreva lá nos comentários quais os dois livros que você deseja ganhar (só vale indicar os livros que constam nesta lista) 3 - E por fim, marque 2 amigos lá em seus comentários. Pronto você já estará apto a concorrer. Dia 28/12 a Fraternidade fará um pré-sorteio de 30 seguidores e enviará no seu PV o convite para assistir a LIVE de prêmios do dia 29/12 as 19h. Em parceria com a Livraria Família Cristã. Se o seguidor estiver presente no momento da Live irá faturar os dois livros. Caso ele não esteja, sortearemos o próximo seguidor até esgotar os 30 selecionados. Não fique de fora desta promoção. E para todos que participarem desta mega Live, serão distribuídos dois e-books. Não perca esta oportunidade. Fraternidade de Escritores, incentivando a literatura com muita paixão. SÓ VALE INDICAR NOS COMENTÁRIOS OS LIVROS DESTA LISTA!!! E acompanhe nos posts do IG da Fraternidade @fraternidadedeescritores mais informações sobre os livros!!! 1 - Júlio César - Signum @buenoliterario 2 - Thiago Aragão - Battlefront: Origens @t.olivergeek 3 - Lucas Pereira - Para Você Com Carinho! @lucas_pereira_escritor 4 - Priscila Castelano - Meu Cliente Colorido @priscilacastelano_autora 5 - Silvia Kaercher - O Farrapo @silviamkaercher_escritora 6 - Ricardo - Amnésia @ricardolima.professor 7 - Karina Camargo - Caminhos & Descaminhos @karinacamargoescritora 8 - Tadeu Loppara - Quãm e os Indícios Mortais @livroquam 9 - Crísthophem Nóbrega: Secretos Suspiros @autorcrisnobrega 10 - Wagner - Mônica @wagner.rms ACOMPANHE NOS POSTS DA @fraternidadedeescritores MAIS INFORMAÇÕES SOBRE OS LIVROS!!! #fraternidadedeescritores #sorteio #promoção #literaturanacional #nesteNatalcompreNacional #WagnerRMS Escolha os livros e faça sua postagem nos comentários do POST OFICIAL, só nele serão computadas as suas escolhas! https://www.instagram.com/wagner.rms/p/CXwflQsPT7l/?utm_medium=tumblr


Tags
Loading...
End of content
No more pages to load
  • omundoporsofia
    omundoporsofia liked this · 5 years ago
  • d-desiludindo
    d-desiludindo liked this · 8 years ago
  • wagnerrms
    wagnerrms reblogged this · 11 years ago
wagnerrms - Wagner RMS
Wagner RMS

Escritor, Roteirista, Ficção Científica e Fantasia. Comprar Livros

95 posts

Explore Tumblr Blog
Search Through Tumblr Tags